Há questões sem resposta!
Esta fotografia tem para mim muito significado:
[há 6 anos, antes duma consulta]
São anos de luta contra algo que desconhecia e não sabia como combater ou ajudar o meu príncipe a ultrapassar a questão.
O Afonso foi uma criança saudável até aos 4 anos. No momento que foi para a pré-escola começaram os problemas. Sempre doente. Isso fazia com que andasse sempre no médico. Sempre a correr com ele para o hospital.
Um dia uma médica olha com mais atenção para a barriga dele (barriga que eu ainda pensava ser de bebé) e diz-me que algo não está bem. Diagnosticado: encoprese.
A encoprese desde então seguiu a par o crescimento do Afonso. O Afonso aos 4 anos ainda usava fralda, pois não conseguia controlar o seu cocó. Foi para a escola primária na mesma condição. Quando ia buscar o Afonso à escola cheirava sempre mal. Os professores sabiam. A escola sabia. Os colegas do Afonso sabiam, mas ninguém o deixou para trás. Sempre teve amigos, sempre brincou.
Foi uma batalha dura. Descobri que é também uma batalha complicada, pois muitas vezes senti que não havia resposta para o problema do meu filho. Psicólogos, peudopsiquiatras, pediatras, médicos de gastro, uma infinidade de médicos que viram o Afonso.
Mas houve uma pediatra que lhe apresentou a realidade. Definimos regras para ir à casa-de-banho. Cedemos em ter o tablet na casa-de-banho. Coisas e mais coisas, sempre com um desespero enorme. Como ajudar o Afonso?!?
O Covid chegou e fez com que as pessoas ficassem em casa. O Afonso continuou a ter consultas. A pediatra não desistiu dele e continuou a falar de forma clara com ele.
De um dia para o outro os episódios de perdas começaram a diminuir, a barriga do Afonso a ser mais normal e em março de 2021 demos o caso como encerrado.
Foram anos duros de desespero. Como mãe sentia que não deveria estar a fazer o suficiente. O que fazer ou a quem recorrer? Perguntas que se calhar nunca tive resposta.
Este problema também afectava o Afonso, pois havia muita coisa que ele evitava fazer devido ao problema: para não se expor. Também a roupa que usava era escolhida em função do seu problema: nunca lhe vestia calções ou calças claras. Para a praia levava sempre uns calções de piscina por baixo dos calções de praia. Para a piscina igual. Quando saíamos, o Afonso tinha que levar sempre o dobro de calças, calções e cuecas (quanto mais melhor).
Felizmente, mesmo sem respostas, a situação ficou resolvida.
Mas apareceram outros problemas de saúde ao Afonso, para os quais ainda não temos respostas...