Aquele jardim
De casa do meu avô, da parte de trás, via um jardim que me prendia horas na sua observação. Um jardim romântico, com árvores grandes, buxos que delimitavam e desenhavam o jardim, chorões, uma palmeira enorme, o repuxo no centro, os bancos de jardim, as pérgulas, que na Primavera ficam cheias de flores. Sonhava em brincar, mais tarde descansar naquele jardim. Pertencia a uma casa senhorial de um médico.
O jardim que durante anos me fez as delicias na sua observação.
Poucas vezes tive oportunidade de o pisar, talvez uma ou outra vez, que ao estender a roupa uma peça caia e lá tínhamos que ir pedir aos criados que nos deixassem ir buscar essa peça. Não tínhamos outra forma de aceder às traseiras da casa.
Sonhava a olhar para aquele jardim. Já não o vejo desde 2000.
Mas recentemente ouvi falar de jardins, sítios que poucos têm acesso e que são espaços tão belos e lembrei-me do jardim por trás da casa do meu avô, mesmo no centro de Alcobaça. Poucos tinham acesso a esse jardim, os que moravam nas casas à sua volta podiam observá-lo.
Lembrei-me que hoje em dia temos acesso a estes locais através do google maps e fui ver de novo esse belo jardim. Se calhar fui procurar o sonho de novo.
Mas ele já não existe!