1974 ainda antes da famosa revolução nasci.
Nasci em Lisboa, porque os meus pais assim acharam melhor, mais seguro, e dias antes foram para perto do hospital, não fosse acontecer alguma coisa. Queriam garantir que tudo corria bem. Nasci a mais de 100kms de onde viria a viver.
Nessa altura, a maior parte dos bebés nasciam na Nazaré. Mas também havia quem nascesse em Alcobaça, Leiria, Caldas da Rainha ou mesmo Coimbra. Já era comum as crianças nascerem num hospital. Nessa altura não havia profissionais de saúde suficientes e as maternidades abriam e fechavam, consoante as suas capacidades.
A mortalidade infantil ainda era grande e haveria um grande caminho a percorrer, para que as condições melhorassem e a mortalidade infantil reduzisse. Chegámos lá... mas... (porque tem que haver sempre um MAS!?)
48 anos estamos mal de novo. Retrocedemos imenso em termos de cuidados de saúde. Grávidas viajam quilómetros para ter o seu filho, a mortalidade infantil disparou de novo, morrem grávidas, não há profissionais de saúde suficientes para apoiar os nascimentos que cada vez são menos. As maternidades abrem e fecham a um ritmo sem par. Em 1974 nasciam imensas crianças neste país à beira mar plantado. Em 2021 nasceram menos de metade.
Como chegámos a este ponto?!?
Estar grávida não é doença, mas é um processo longo de receios, sempre na esperança que tudo corra bem. Agora já nem na hora do nascimento, no local e no apoio se tem a confiança e certeza necessárias. Mais uma angústia para as grávidas.
Em termos de saúde estamos muito mal. Nunca pensei que um retrocesso fosse possível...
Será o covid o responsável? Será???!!