A verdade é que não me apeteceu escrever antes, mas também não quero deixar passar em vão um dia (mais um) importante da minha vida. Assim, como assim, um dia em que somos operados é sempre diferente.
22 de Outubro: acordei e fui trabalhar, como num outro dia qualquer. Ficar em casa não iria adiantar nada (o ferro de passar tinha-se passado). Manhã normal.
À hora de almoço, buscar o príncipe mais velho à escola e almoçar. Pouco depois chegou o meu marido, que me iria levar ao hospital, com o príncipe mais novo e a minha sogra, que ficaria com os miúdos. Ainda dei banho ao príncipe mais novo, no meio de muito choro, porque não sabia quando lhe voltaria a dar banho (passou a ser uma tarefa do pai).
Pouco depois das 15.30h, partimos em direcção ao Hospital de Braga. Tinham-me pedido para estar lá às 16h. 16h estava eu a entregar os documentos. No meio de muita risota com o meu marido, já nem me lembro sobre o quê, mas risota à grande (sabe sempre estar nos momentos mais sérios!), sempre a incentivar-me a fugir, que se fosse a ele ninguém o apanhava ali, e por aí fora, um registo de incentivos à fuga...
16.15h estava a ser chamada. Uma senhora muito simpática (não sei se seria enfermeira) deu-me um saco para a mão com umas vestes estranhas, encaminhou-me para um vestiário, deu-me a chave de um cacifo para guardar as minhas coisas, e mandou-me despir e vestir aquela roupa. Mal abri o saco, a risota começou, mas desta vês em privado: um saco azul - calças e camisola, mais uns chinelos, outros sacos para colocar nos pés e um saco verde - touca, para a cabeça. Sentia-me um autêntico saco e fazia barulho de saco de plástico ao andar.
Fui à enfermeira (muito simpática) que me identificou a área que iria ser operada, com uma bela, grande e visível seta preta, colocou-me o soro, deu-me uma medicação qualquer com péssimo sabor (fui avisada antes do sabor) e fui levada para uma salinha onde aguardei. Ali estavam mais algumas pessoas, também vestidas com os seus sacos azuis e as suas belas toucas verdes na cabeça (todos lindos! Assim não se riem uns dos outros.), e cada um com a respectiva seta preta. Alguns a seta apontava para o olho esquerdo...
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Passado algum tempo (que nem dei conta) passei a outra sala, dali sabia que iria para a sala de operações. Alguém perguntou as horas: 18h10. Como é possível?!!!? Nem dei conta do tempo passar...
Uma enfermeira (super simpática, também - podemos dizer que do pessoal que trabalha no Hospital de Braga, não tenho a mais pequena queixa. Fantásticos.) chamou por mim e levou-me para a sala de operações.
Durante a operação nada senti. A enfermeira sempre atenta aos meus sinais. E, música ambiente, para descontrair.
Ah, não sei porquê, mas existem umas máquinas, que quando ligadas a mim (tensão e coração) decidem sempre começar a apitar. Eu a pensar que o apito viria de outro lado, até que me disseram que não... a "minha máquina" a apitar. Acho que as máquinas das salas de operações têm algum problema comigo! É pessoal, sinto...
15/20 minutos depois estava no recobro. Braço ao peito, a comer qualquer coisa (já não comia desde as 12h).
Lá fora, o meu marido stressado, aguardava por mim, porque tinha um compromisso e estava atrasado.
Quando me fui vestir, após ser dada alta, no meio do stress do meu marido, não me conseguia vestir! Ele teve que me ajudar... e lá fomos.
Saí do hospital perto das 20h.
Quando cheguei a casa, verifiquei que no meio da confusão, do despe saco e veste roupa, junto com o stress do meu marido, a bela touca verde tinha ficado presa na camisola atrás. Se calhar saí do hospital com um rabinho verde! Eu a pensar que vinha tão bem...!!!