Ontem andei para aí 40 minutos, de rabinho para o ar, no meio das ervas, à procura de um grilo, que não quis ser apanhado.
O Tiago adora grilos, por isso como a época de caça ao grilo abriu, era importante para ele apanhar um grilo. Geralmente quem se dedica a essa tarefa é o pai, mas esta semana não está disponível, por isso com jeitinho lá me pediu para irmos apanhar um grilo.
Ontem, após 40 minutos ou mais, grilos = 0. Voltámos a casa de gaiolas vazias, mas com a promessa de voltar hoje.
Embora tenha crescido no campo e muitos amigos tivessem grilos, foi coisa que nunca me deu para apanhar. Mas, hoje lá fomos de novo. Nariz no meio das ervas, rabiosque no ar, ouvido atento, e lá andámos mais 40 minutos. Tenho uma teoria sobre os grilos, eles devem ter um sistema de comunicação qualquer, entre eles, que só cantam quando estamos longe. Mesmo que estejamos minutos, horas imóveis no mesmo sítio, eles não fazem barulho. Mas, mal viramos as costas, lá estão eles: gri-gri, gri-gri... Será que têm net?!
Descobri um buraquinho no chão, e com a paciência que vi o meu marido fazer, lá estava eu com uma ervinha na mão, bem fininha e resistente, a tentar fazer cócegas ao grilo, dentro da toquinha. Eis, que sai um bicho preto. Não perdi a oportunidade, mãos em cima e toca a chamar o Tiago (conhecedor dos ditos grilos). Mostrei-lhe o apanhado, mas não, não era um grilo. Nem um grilo conheço?! Libertei o pobre bicho, e ainda me estou a questionar como o pude confundir com um grilo. Bem, qualquer um se enganava... Pensando bem é para aí 4 a 5 vezes mais pequenos que um grilo. Aquilo não era nem de perto um grilo!
Voltámos à cruzada, sempre avisando o Tiago que era melhor esperar pelo pai e tentar no fim-de-semana. Quase convencido, mas murchinho. Ao ver aquela carinha ganhei coragem, fui a um buraco que já tínhamos visto ontem, de novo de erva na mão, e toca a fazer cócegas a algo que no buraco vivesse. Estava lá um grilo, quase, quase saiu, mas meteu-se para dentro e nunca mais o vimos. No meio das ervas comecei a esgravatar, descobri ali pertinho outro buraco. Nova tentativa. Novo habitante veio espreitar à porta, mas como não gostou da visita, retirou-se para dentro. Não era agora, que conhecia finalmente cara a cara um grilo, que me daria como vencida. Com convicção, toca a meter a ervinha por ali dentro. Acho que o bicho já estava irritado, pronto para vir discutir, quando... zás... apanhei-o. O Tiago ficou tão feliz.
Valeu a pena a espera. Por hoje sente-se feliz, noutro dia haverá mais caça.
Quanto a mim, voltei cheia de terra e a coçar-me por todo o lado. Parece que houve algumas ervas que não gostaram da minha presença.